Veio num sopro, certo dia . Ela gostava dele . Ele gostava dela também . E ainda que essa coisa, o amor, fosse complicada demais para compreender e detalhar nas maneiras tortuosas como acontece, naquele momento em que acontecia dentro da realidade, era simples . Boa, fácil, assim era . Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela . Isso era tudo . Dormiam juntos, porque era bom para um e para outro estarem assim juntos, naquele momento . Não vinha nada de fora, nem ninguém . Deitada nua no ombro também nu dele, não havia fatos . Dormiam juntos, apenas . Isso era limpo e nítido naquele espaço .
Deitada no ombro dele, ela via seu rosto muito próximo . Esse era o tempo, nada mais . E isso, mais tarde saberia, era o único fato do momento inteiro : Via o rosto dele muito próximo . Como um astronauta prestes a desembarcar veria a face da lua, mal reconhecendo o Mar da Serenidade perdido em poeira cinza, assim ela o via naquela proximidade excessiva, quase inumana de tão próxima . Fechasse os olhos – mas não os fecharia, pois já estava dormindo – guardaria contra as pálpebras cerradas um por um dos traços dele . (…) Coisas assim, ela via . E de olhos abertos, embora fechados, pois sonhava, protegia-o, protegiam-se no meio da noite . Tão simples, tão claro . E de alguma forma inequívoca, para sempre . Talvez ele tivesse passado um dos braços em torno da cintura dela, quem sabe ela houvesse deitado uma das mãos sobre o ombro dele, erguendo os dedos até que tocassem no lóbulo de sua orelha . Em todos os dias que se seguiram à noite daquele dia, e foram muitos, honestamente não saberia localizar outros detalhes . Pois enquanto dormia, naquele dia, tudo era só e apenasmente isso : Dormiam juntos .
P.S : Te cuida, dissera ele . E eu ouvi como se fosse um Te Amo .
#BomDomingo
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